Blockchain as a new paradigm and concept

29-03-2018

Há 10 anos, surgiu um artigo académico intitulado Bitcoin:A Peer-to-Peer Electronic Cash System da autoria de uma pessoa chamada Satoshi Nakamoto. Embora não exista a certeza absoluta, depreende-se que Satoshi Nakamoto poderá ser um pseudónimo representativo de uma ou mais pessoas que assinaram o projeto base.

Apesar do projeto estar inicialmente focado na transação eletrónica de dinheiro (arquitetura Bitcoin), o conceito (Blockchain) evoluiu para outras arquiteturas e, atualmente, vai muito para além daquilo que seria expectável pois os novos modelos arquitecturais do conceito possibilitam hoje a aplicabilidade a inúmeros modelos de negócio.

Em primeiro lugar importa perceber que Blockchain não é uma tecnologia, mas sim um conceito com características estruturais específicas, que tem como core 3 pontos fundamentais: Transparência, Segurança e Imutabilidade dos dados.

Blockchain como conceito, é uma rede P2P (Peer-to-Peer) distribuída onde cada nó funciona como Cliente/Servidor sem necessidade de um sistema de controlo centralizado. Isto permite aos intervenientes a possibilidade de criar transações de uma forma direta sem necessidade de terceiras partes para validá-las, ou seja, a validação advém da confirmação da própria rede que aceita a transação, o que torna virtualmente impossível corromper ou alterar transações. Todas estas ficam registadas na ledger (livro-razão) que no fundo é o index das transações para toda a rede.

Na rede, a informação está guardada em blocos que são criados como transações definidas com estrutura própria, que ligam a outros blocos mantendo assim a sua integridade. Em cada novo bloco de informação criado, é importada a hash do anterior (chave encriptada única) que funciona como o ID imutável da transação + o conteúdo desse bloco. Adicionada a esta informação está também inscrita no mesmo, a timestamp e o "nonce" que é o protocolo de autenticação para garantir que as comunicações antigas não possam ser reutilizadas em ataques de repetição. Para este novo bloco criado, é gerada uma nova hash que advém daquilo que lhe foi transmitido (hash anterior + conteúdo). Desta forma, o bloco posterior aponta sempre para o anterior criando assim a cadeia de blocos interligados e consistentes que permitem o funcionamento da rede. Por fim é com o método Proof of work, entre nós, que é criado o consenso mínimo necessário para que a transação seja considerada válida e replicada em toda a rede.

É importante destacar que existem diversas arquiteturas Blockchain além do Bitcoin, tais como Ethereum, Hyper Ledger, Ripple, que possibilitam a aplicação do conceito a outros Business Models.

Depois da criação do conceito Blockchain com arquitetura base (Bitcoin) implementada em 2009, apareceu um jovem russo de seu nome Vitalik Buterin que publicou um whitepaper em 2014 intitulado, "Ethereum - A Next-Generation Smart Contract and Decentralized Application Platform (dapp)" que, utilizando a mesma arquitetura base, permite aos utilizadores escrever a lógica de negócio em smart contracts (peças de código) que são executados automaticamente quando as condições são satisfeitas por ambas as partes. Estes contratos podem armazenar dados, enviar e receber transações e até mesmo interagir com outros contratos independentemente de um controle centralizado.

Por este motivo, o conceito Blockchain numa arquitetura Ethereum tem como foco principal a implementação de aplicações descentralizadas (dapps) e de smart contracts. Esta arquitetura abre as portas do conceito Blockchain a use cases fora da transação monetizada, garantindo também as 3 caracteristicas core que mencionei à pouco. Por momentos, podemos imaginar um mundo onde todas as informações são trocadas entre partes de forma rápida, segura e confiável, evitando litígios, fraude, burla e outros males que afetam os negócios no mundo digital.

Enquanto numa arquitetura Bitcoin os miners, que utilizam o seu poderoso processamento para validação das transações, são pagos em BTC (bitcoins) numa arquitetura Ethereum para utilizar um dapp ou um smart contract na rede, o utilizador precisa de "gas" (Ether) pela utilização do poder de processamento da rede. Quanto mais pesado for o dapp ou smart contract mais ETH (Ether) ele exigirá. No fundo o ETH é o combustível necessário para manter o processamento, garantir a verificação das transações e a segurança da rede. Em termos de sustentabilidade, existem vantagens numa arquitetura ethereum relativamente ao bitcoin. Embora o processo de mining (verificação e validação das transações) seja semelhante, o algoritmo (Ethash) utilizado na arquitetura Ethereum para o efeito, foi construído e pensado para hardwares mais simples (GPU's) o que potencializa a descentralização do processo. Em contra ponto com arquitetura Bitcoin é necessário hardware específico e dispendioso, estando atualmente sustentado por investidores para continuar a crescer.

Quero terminar com uma visão muito pessoal! O conceito Blockchain, independentemente da sua arquitetura, é brilhante exatamente pela sua complexidade simplista. Não devemos pensar neste conceito apenas como tendência ou moda, mas sim como o futuro das transações e verificações que sustentam a nossa sociedade.

Espero que este artigo tenha esclarecido da melhor forma o que é o conceito Blockchain! :)

Pedro Santos Martins

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